18/07/2006
Solidão, subs. feminino.
1 estado de quem se acha ou se sente desacompanhado ou só; isolamento.
2 caráter dos locais ermos, solitários.
3 local despovoado e solitário; retiro.
4 vasto espaço ermo, sem população humana.
5 sensação ou situação de quem vive afastado do mundo ou isolado em meio a um grupo social.
Para falar a verdade, quando fui procurar o significado no dicionário, não achei que expressaria tão bem como eu me sentia. Número cinco foi meu estado de espírito e meu modo de vida durante um bom tempo.
Eu tenho muitos amigos e sim, sou uma pessoa feliz. Sou uma pessoa extremamente sociável e nunca me esforcei para isso. Mudanças são coisas que eu sempre gostei - das mais singelas às mais drásticas -, mas nunca achei que sofreria tanto ao passar por uma delas.
Mudar de cidade foi uma idéia-êxtase no começo. Claro, meu coração se partia em pensar que teria que deixar algumas pessoas por aqui; mas sempre soube que as veria de novo. E essa idéia que a princípio era um fruto maduro, pareceu regredir quando tudo de fato aconteceu.
Não foi só solidão, porque na verdade, tive sempre pessoas ao meu redor. Mas é como se sentir muito diferente do resto da multidão. Não sou e nem pretendo ser do tipo de pessoa que se adeqüa aos estereótipos pra não viver só. Eu sou o que sou e nenhuma situação muda isso; pode chamar de egocentrismo, mas pra mim meus valores vem antes dos valores dos outros. Mas sentir na pele o que era ser diferente de todo o resto foi bem agonizante.
Mas o tempo é sábio. Muito sábio.
Fiquei sozinha o tempo necessário para pôr as coisas em ordem dentro da minha cabeça e para notar que nem tudo estava tão ruim assim. Adeqüei-me a uma nova situação: eu e eu mesma podemos ser boas amigas. Esse tempo sozinha me fez observar outras coisas nas pessoas, e fez as pessoas observarem outras coisas em mim. Isso tudo foi trabalho do tempo.
Mas depois surgiu alguma outra coisa, que por falta de termos, optei por chamar de ‘destino’. Alguém maravilhoso que subitamente, apareceu e ficou.
Uma pessoa que apenas olhando-a, já me dá vontade de sorrir. Uma pessoa para me despertar gargalhadas. Uma pessoa que mudava completamente o meu estado de espírito em menos de uma hora. Não importa o quão ruim foi o dia, bastava uma hora com ela pra ficar ótimo. E diga-se de passagem, que essa hora passava muito rápido.
Uma pessoa que se dispôs a me ouvir, e também se dispôs a falar. Uma pessoa que entendia, que criticava, que incentivava. Uma pessoa pra preencher o espaço vazio que sobrava. Um encaixe perfeito. Um abraço tranqüilizante.
Juntos, é claro, desfrutamos de momentos únicos e inigualáveis. Algo tão privado e ao mesmo tempo, tão exposto. Uma amizade verdadeira, um amor incondicional, um novo ponto de vista - ou vários - em comum.
A solidão que antes se fazia, agora é apenas passado. O que me resta é ser grata por receber uma amizade tão pura e singela que me deu total estabilidade emocional. Sou com-ple-ta novamente.
Eu nunca achei que conseguiria pôr tudo isso em palavras. Para falar a verdade, ainda acho que não consegui, mas ao menos eu tentei. Tentei porque esse dia do amigo me fez pensar sobre muitas, muitas, muitas coisas. E uma delas foi isso tudo. Texto simples, três horas e cinqüenta e sete minutos atrasado para ter sido postado na data correta (ontem).
Mas isso pouco me importa.
Só sei que me sinto bem. Muito bem.
Eu nem preciso citar nomes, deixo assim ficar subentendido.
Marcadores: amizade
13/07/2006
Não tenho o hábito de colocar passagens de coisas que leio ou mencionar meus autores favoritos, mas hoje, acho que vai ser necessário.
Sou uma grande fã de Caio Fernando Abreu, e hoje achei um texto antigo que foi o grande motivo de eu me apaixonar por textos, de qualquer gênero ou autor; foi o texto que me fez ler outros textos com outro ponto de vista; foi o texto que me despertou a sede por escrever.
Então, para quem quer ler algo bom e inspirador, passagens que adoro de Caio F. em Carta ao Zézim, escrita 1979:
"Essa perguntinha: você quer mesmo escrever? Isolando as cobranças, você continua querendo? Então vai, remexe fundo, como diz um poeta gaúcho, Gabriel de Britto Velho, "apaga o cigarro no peito / diz pra ti o que não gostas de ouvir / diz tudo". Isso é escrever. Tira sangue com as unhas. E não importa a forma, não importa a "função social", nem nada, não importa que, a princípio, seja apenas uma espécie de auto-exorcismo. Mas tem que sangrar a-bun-dan-te-men-te. Você não está com medo dessa entrega? Porque dói, dói, dói. É de uma solidão assustadora. A única recompensa é aquilo que Laing diz que é a única coisa que pode nos salvar da loucura, do suicídio, da auto-anulação: um sentimento de glória interior. Essa expressão é fundamental na minha vida."
Para quem quiser ler todo o texto e mais algumas outras obras, pode acessar o
Releituras.
E para não deixar o dia de hoje mais em branco, coloco também um trexo de uma crônica, publicada no jornal Estadão em 29/07/87. Esta foi a primeira - e única, até hoje - crônica que me fez encher os olhos de lágrimas. Para quem se interessar, pode ler
inteira usando o link
desse blog.
"Preciso de alguém, e é tão urgente o que digo. Perdoem excessivas, obscenas carências, pieguices, subjetivismos, mas preciso tanto e tanto. Perdoem a bandeira desfraldada, mas é assim que as coisas são-estão dentro-fora de mim: secas. (...) preciso de você para dizer eu te amo outra e outra vez. Como se fosse possível, como se fosse verdade, como se fosse ontem e amanhã."
Marcadores: quotation
11/07/2006
Hoje eu passei 40 minutos procurando a minha agenda. E sabe o que aconteceu? Claro que sabe. Não achei.
Talvez seja porque não gosto mesmo de combinar as coisas. Se dependesse de mim, eu decidiria o que iria fazer hoje logo no instante que acordasse. Os dias são tão diferentes um dos outros e meu humor é tão instável que é praticamente impossível saber como vai ser a minha disposição para fazer tal coisa que marquei na semana que vem.
Só tenho uma agenda porque, infelizmente, esqueço de muitas - muuuuuitas - coisas; por mais que elas estejam sempre alí, fazendo sinais para mim. Esqueço de marcar consultas com o médico X, pegar os remédios Y, comprar as roupas para ocasião Z, estudar para prova Tal, ligar para Fulano, fazer favores para Cicrano, parabenizar Beltrano.
Eu preferiria com certeza ter uma memória aguçada e deixar de usar agendas - sem me esquecer destas ocasiões importantes.
Afinal, se minha memória estive um pouco melhor, quem sabe eu lembrasse aonde coloquei a minha agenda.
Coisas da idade? É a crise dos 15.
Marcadores: stress diário
06/07/2006
Me cansei de acordar com expectativas.
Me canso mais ainda por 99% delas não chegarem nem perto de uma realização.
Preciso tanto mudar meu cotidiano.
Não quero o de sempre, não, obrigada.
Hoje eu quero algo diferente...
Hoje eu te quero comigo. Vamos à Amsterdam, deitar na grama sob um sol gostoso num clima frio e olhar para o céu ouvindo aquela nossa música. Vamos almoçar em casa. Eu preparo o que você gosta e depois nós podemos ver um filme abraçadinhos, com direito a cafuné. Vamos dormir com a janela aberta, de frente para o céu. Dormir admirando a lua e acordar com o nascer do sol. Vamos viajar amanhã e bater fotos fazendo caretas com uma linda paisagem ao fundo. Vamos de trem, para ninguém se preocupar em dirigir e assim você poderá segurar a minha mão durante o caminho inteiro. Contigo eu vou para qualquer lugar.
Penteie meu cabelo. Dê-me um beijo na testa. Faça-me carinho na nuca. Vamos dormir abraçados.
Faça-me cócegas também. Abrace-me por trás. Queria ter sempre um pouco da tua atenção.
Sente-se de frente pra mim. Pegue-me pelas mãos. Diga que me ama e que precisa de mim, incondicionalmente.
Não suportaria brigar contigo, porque depois de cinco minutos te olharia nos olhos e começaria a sorrir.
Compro e pago bem,
Por um mundinho paralelo só ao teu lado e mais ninguém.
I need you so much closer.
So come on. Marcadores: carência, feeling blue
marina b.,
18, pólis do sr. floriano peixe oco, da capitania hereditária de santa catarina, uma mistura de perfeccionismo, teimosia, stress, muita curiosidade, amor transbordante, algumas boas amizades, maternidade perfeita, valores, com uma pitada de angústia e inveja, porque todo mundo tem.
e uma
ESFP.
love:
aquelas pessoas especiais, as músicas certas nas horas certas, fotografia, cores, composição, palavras/notas musicais blended in perfection, ponta fina, janelas grandes para sentar e olhar, o mar, uma coisinha pequena e doce ao final de uma refeição, momentos de ócio criativo, filmes embaixo das cobertas ou no cinema, felinos e vaquinhas, sorrisos inesperados, demonstrações de afeto, transbordar mel, reconhecimento.
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